sexta-feira, 26 de abril de 2013

Quem se diverte com a Copa no Brasil?

"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada". Ayn Rand

Citado isto, nem preciso comentar a matéria do Juca Kfouri abaixo.

Joana “Festeira” Havelange do Blog do Juca

 

Joana Teixeira Havelange, 36 anos, que entre salários e bônus ganha mais de 100 mil reais mensais como segunda executiva do COL (Comitê Organizador Local)*, tirou alguns dias, agora em meados de abril, para curtir o Coachella Valley Music and Arts Festival, na Califórnia.
Trata-se, como se diz, do Festival de Woodstock do século 21.
Nada contra que ela, e mais duas funcionárias do COL, Anna Silveira, Gerente Geral de Eventos, e Keli Kanashiro, Gerente Geral Administrativa, se ausentem juntas, mesmo que às vésperas de um teste no Mineirão, como o da última quarta-feira.
Afinal, o ex-goleiro Baka está aí para isso mesmo, para segurar todas como principal executivo do órgão.
Ocorre que o COL vem repassando para as 12 sedes da Copa do Mundo obrigações que eram dele e que superam os 50 milhões de reais.
O fornecimento de energia temporária, por exemplo, é um desses casos, assim como o cabeamento nos estádios para os centros de imprensa e os mais de 3.000 monitores de TV, tudo originalmente previsto como custo Fifa/COL.
Mas que acabou repassado para as cidades arcarem, isto é, para você, eu, nós, pagarmos, se já não bastasse estarmos pagando pelos estádios públicos e privados.
E é aí que também as baladas da filha de Ricardo Teixeira, e neta de João Havelange, cujo currículo não a habilita para tamanha função, passam a ser de interesse público.
Ela é quem está de língua de fora à direita na primeira foto, batendo palmas na segunda e presente também na terceira, única loira, de óculos escuro.
Joana festeira, sempre sorridente, feliz da vida dela, como se risse da sua, da minha, das nossas caras.

N.B.: COL - É o Comitê responsável pela organização geral da Copa no país sede, sendo agente fiscalizador dos compromissos assumidos pelo país para com a FIFA e seus investidores. (Nota do Blogueiro)
 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

O dia em que PT virou ARENA e Dilma, General


Em reação à tentativa do bloco governista impor a tramitação em regime de urgência no Senado do projeto que asfixia novos partidos, Pedro Simon (PMDB-RS) pronunciou um discurso com duros ataques a Dilma Rousseff. Comparou-a ao general Ernesto Geisel, que presidiu o país de 1974 a 1979, durante a ditadura.
“Talvez tenhamos que nos referir à marechala presidente”, ironizou Simon. “Talvez, daqui a pouco, ela tenha que aparecer com um casaco diferente. Pode até continuar sendo vermelho, sua cor preferida. Mas com estrelas.” Para Simon, o projeto que o governo deseja aprovar a toque de caixa assemelha-se ao “Pacote de Abril”, baixado por Geisel em 1977. Daí a analogia.
Depois de apoiar e até auxiliar Gilberto Kassab a fundar o seu PSD, o Planalto e seu consórcio partidário pisam no acelerador para aprovar a proposta que restringe o acesso de novos partidos às verbas do fundo partidário e ao tempo de propaganda no rádio e na tevê. Por quê? Para asfixiar legendas novas que se organizam para servir de suporte a Marina Silva e Eduardo Campos, dois potenciais adversários de Dilma.
“Ontem, ajeitou-se tudo para resolver para o PSD. Terá ministério, tem tudo preparado para ir para o governo”, disse Simon, referindo-se ao partido que Kassab criou a partir de uma dissidência do proto-oposicionista DEM. “Tudo bem. Está feito. Mas agora, de uma hora para outra, de uma semana pra outra, querem fazer tudo para evitar a Marina [Rede] e o MD [Movimento Democrático, nascido da fusão do PPS com o PMN]. Não pode ser. Não tem condições.”
O Pacote de Abril, evocado por Simon e por outros oposicionistas para desqualificar o projeto que o Planalto empina, incluiu o fechamento do Congresso. “O PT só não fecha porque não tem força para tanto”, disse Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que endossou a comparação feita por Simon.
Quando Geisel editou o seu “pacote”, os militares vinham de um revés eleitoral, sofrido em 1974. O regime perdera as eleições na maioria dos Estados. Para não perder também a maioria no Legislativo, alterou as regras da eleição de 1978. Decidiu, entre outras coisas, que metade das cadeiras que estavam em jogo no Senado seriam preenchidas por senadores biônicos, sem voto.
No seu discurso, Simon comparou o PT à Arena, o partido da ditadura. Recordou uma cena que testemunhara horas antes. “Hoje de manhã, assistimos na Comissão de Constituição e Justiça delegados de polícia e senadores do PT, de mãos dadas, cantando o hino nacional, porque foi aprovado projeto que dá força aos delegados contra os promotores [que tiveram os poderes de investigação podados]”.
Simon prosseguiu: “No mesmo dia, agora à tarde, vamos ver nossos amigos da Arena fazendo um novo festejo. Esse é o Pacote de Abril. Meus amigos do PT, foi com esses pacotes de abril que a Arena colocou senadores biônicos aqui no plenário. Foi com iniciativas como essa que a Arena explodiu. E o PT está caminhando na direção da implosão.”
Simon vaticinou: Dilma, “que tinha o carinho, o respeito e a credibilidade vai ver para onde vai baixar o seu prestígio. Ela vai se identificar com o que tem de mais triste, de mais infeliz, de mais vulgar na políitca brasileita.” Voltando-se para o líder do PT, Wellington dias (PI), indagou: “O PT aceita essa humilhação? Os líderes do PT são obrigados a dizer amém para uma coisa dessas?”
Nesse instante, os senadores se revezam no microfone do Senado. Debatem o pedido de urgência par o projeto que submete os novos partidos ao torniquete das verbas do fundo partidário e do tempo de rádio e tevê. Se for aprovado, o regime do toque de caixa permite que a proposta seja apreciada sem passar pelas comissões do Senado. Se isso ocorrer, pode ser aprovado já na próxima semana. Presente, Marina Silva assiste a tudo. Veste preto.
Simon não foi o único filiado do PMDB a se opor à proposta que a direção do partido, a começar do vice-presidente Michel Temer, defende ardorosamente. Além de Simon, discursaram contra o projeto os pemedebês Jarbas Vasconcelos (PE), Roberto Requião (PR), Ricardo Ferraço (ES) e Cassildo Maldaner (SC). A matéria dividiu também a oposição. O DEM, escaldado pela erosão que Kassab provocou em seus quadros, é a favor. O PSDB do presidenciável Aécio Neves é contra.

terça-feira, 16 de abril de 2013

PPS: Suícidio ou Metamorfose necessária?

Se quiser entender antes o que está ocorrendo, clique aqui.

Num gesto surpreendente, embora já comentado e esperando nos bastidores da política a meses, o PPS (Partido Popular Socialista), outrora PCB, vai se fundir nesta quarta-feira, 17 de Abril, ao combalido PMN (Partido da Mobilização Nacional), desta união surgirá o MD: Mobilização Democrática.
Alguns militantes questionam a subtração de alguma referência nominal a esquerda, ao socialismo ou comunismo. Segundo a direção do partido a ideia é não afastar outros atores democráticos que não tenham em sua história uma ligação tão forte com os movimentos de esquerdas, leia-se: estão na mira os discidentes do PSD de Kassab, do moribundo DEM e dos descontentes na base governista.
 Resta saber se os velhos membros do partidão terão condições de suportar o aporte de novos membros, não afeitos a partidos com vida partidária intensa e adeptos do debate interno intenso como foram os anos de existência do PPS.
O partido nasce mirando na candidatura de Eduardo Campos (PSB - Partido Socialista Brasileiro), governador do Pernambuco, a presidência em 2014, tendo o próprio oferecido ao grupo que toma a iniciativa, a ajuda do corpo jurídico do PSB para possíveis entreveros jurídicos com o grupo governista.
O fato é que com este gesto o PPS poderá estar se condenando a um suicídio desnecessário e sem volta, mas que pode se converter numa nova aglutinação política, que se contraponha ao gesto oportunista de Kassab pela centro-direita. A reação de Dilma e do governo, junto ao empenho do próprio Kassab para aprovar medida que tornasse esse ato nulo, já demonstra que se não é grande o suficiente para garantir novos rumos, ao menos preocupa e muito.

Abaixo reproduzo entrevista do Presidente do PPS, Deputado Roberto Freire (PPS-SP):



Novo partido pende para Eduardo, afirma Freire



Freire: ‘Alternativa que mais se fortaleceu no PPS com a fusão é a candidatura de Eduardo Campos’
A Mobilização Democrática, legenda a ser criada nesta quarta-feira (17) a partir da fusão do PPS com o PMN, enxerga no governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) a melhor alternativa para a sucessão de 2014. “Isso é bom inclusive para o próprio Aécio Neves, porque a presença de mais candidatos na disputa força a realização de um segundo turno”, disse o deputado Roberto Freire, presidente do PPS, em entrevista ao blog.
O novo partido foi constituído para oferecer uma “janela” aos políticos descontentes com suas atuais legendas. Freire informa que serão bem-vindos inclusive insatisfeitos do recém-criado PSD e do DEM. “Não temos razão para adotar filtro ideológico. A realidade política que estamos vivendo exige uma amplitude maior, pede a formação de uma frente democrática.” Espera trazer o tucano José Serra? “Estamos no jogo, esperando até o último segundo”, responde Freire. Abaixo, a entrevista:
— A nova legenda, que se define como da esquerda democrática, não irá se descaracterizar ao receber políticos de partidos como PSD e DEM? É por isso que o partido vai ser chamado de Mobilização Democrática, embora tenha uma componente de esquerda, inclusive com a tradição comunista, que o PPS traz. Não vamos ficar circunscrevendo nossa ação a quem for de esquerda.
— Não receia ser comparado a Gilberto Kassab, que disse que o PSD não seria de esquerda nem de direita nem de centro? Não. Nosso partido, se você quiser situar, será de centro-esquerda. A componente de esquerda, inclusive comunista, vai se fazer notar, junto com setores da sociedade que são democráticos. Nosso projeto é de natureza essencialmente democrática. Diria a você que, em função da realidade brasileira, estamos criando uma frente democrática tal como construímos lá atrás, no velho MDB, na luta contra a ditadura.
— Os tempos são outros, não? É claro que há todas as diferenças. Não estamos numa ditadura. Mas nós estamos construindo uma alternativa política que tem uma esquerda, até de origem comunista, e a abertura concreta para a formulação conjunta com políticos e lideranças democráticas do país. Entre os nomes que podemos imaginar para disputar o governo teremos, no campo oposicionista, inclusive a possibilidade de caminhar com um candidato de esquerda.
— Refere-se a Eduardo Campos? Isso pode ocorrer, na hipótese de ele vir a ser candidato. Marina Silva também representará uma candidatura democrática e progressista. Há várias alternativas.
— Que alternativa o novo partido deve adotar? Diria a você que a alternativa que mais se fortaleceu dentro do PPS com essa fusão, sem dúvida nenhuma, é essa que vê na candidatura de Eduardo Campos a melhor opção para o partido. Até porque a fusão foi muito pensada por esse grupo.
— Ainda não citou Aécio Neves. Exclui o nome dele por considerá-lo de centro? Não. Defino Aécio como um social-democrata, um homem de esquerda. Vou lembrar um episódio que poucos sabem. Quando era mais jovem, o Aécio foi junto conosco a um Congresso da Juventude, na delegação que o PCB enviou a Moscou. Ele sempre teve bom diálogo conosco. É um democrata.
— Mas não terá o apoio, é isso? Aécio merece todo o nosso respeito e poderá merecer o voto, sem nenhuma dúvida. Podemos ter outra opção. Mas isso é importante até do ponto de vista tático. É bom inclusive para o próprio Aécio, porque a presença de mais candidatos força a realização de um segundo turno. Eu creio que isso é taticamente o mais correto para a oposição brasileira. Não vejo razão para concentrar a disputa no primeiro turno. Isso é para a Venezuela, aqui não.
— Para enfatizar: não haverá filtro ideológico para as filiações à nova legenda? Não. A mudança de PCB para PPS já não observou esse filtro ideológico. Era um partido de esquerda, mas não tínhamos essa exigência. Até porque nós superamos a fase do PCB, do marxismo-leninismo, do centralismo democrático. Agora, nessa fusão, mais uma vez não temos razão para adotar filtro ideológico. A realidade política que estamos vivendo exige uma amplitude maior, pede a formação de uma frente democrática.
— Todos pensam assim? Algumas pessoas dizem: ah, pode vir fulano ou beltrano. Não estou citando nome exatamente por isso. Nós, do PPS, já passamos por isso. No nosso processo de mudança, tivemos aqui ou acolá alguém que trouxe práticas que não eram condizentes com o que pensávamos no partido. E o processo foi depurando isso. Lembro do próprio Ciro Gomes. Ajudou o partido como candidato [à Presidência, em 2002]. Mas depois imaginou que poderia ficar no governo de Lula quando o partido promoveu um rompimento. E o partido mandou ele embora.
— Por ironia, hoje ele está no PSB de Eduardo Campos. Tudo bem. Não tem nenhum problema. Se ele não fizer nenhuma besteira, está ótimo. Vamos lá, estamos juntos. O que é fundamental, e a experiência do PPS indica isso, é que, mesmo com esse pluralismo, você não pode perder os seus valores. E esse novo partido não vai perder. Não vamos vetar ninguém, mas ninguém pode chegar aqui é adotar práticas que não sejam condizentes com o que nós, historicamente, representamos. Isso é um processo. Já vivemos essa experiência.
— Espera atrair quantos novos filiados? Não tenho estimativas. Não estamos conversando nada, porque temos primeiro que definir a fusão, o que faremos nesta quarta-feira. Tenho recebido muitos telefonemas dos Estados, inclusive de São Paulo. São veradores, prefeitos e deputados estaduais. Os deputados federais nós vamos ver no que vai dar.
— Acha que há políticos desconfortáveis em outras legendas? Ah, claro. Se não tivesse, o Kassab não estaria tão aperreado. E não é só Kassab. Pelo que vocês informam, a dona Dilma também está preocupada. Não creio que eles estejam tensos porque pode vir alguém de partidos da oposição. Estão tensos porque pode sair gente da base do governo.
— A fusão foi antecipada para se precaver contra o projeto de lei que dificulta a criação de novos partidos? É exatamente isso. A lei, se for aprovada, não pode retroagir. Vamos existir como novo partido na vigência do mesmo ordenamento jurídico que viabilizou o PSD. O partido político é autônomo. De acordo com a lei, ele é que decide os seus destinos, ele se autodetermina. Pode se fundir, incorporar-se a outro, pode se extinguir. E também pode criar um novo partido por sucessão, tal como o PCB fez lá atrás, tornando-se PPS. O partido é livre para definir os seus destinos. Só não pode infringir a lei. Pois bem, nós faremos um congresso conjunto com PMN, elegeremos um órgão de direção nacional e faremos o registro no cartório de títulos e documentos. A partir desse instante, o partido já terá existência formal. Depois, comunicaremos ao TSE.
— Não teme que o PPS seja tachado de oportunista? do  estamos fazendo isso. Vamos fazer um Congresso, a lei de fusao (9/096, de 95) diz que orgaos nacionais de deliberaçao dos partidos votaram em sessao conjunta, maioria absoluta, projeto e elegerao orgao de direçao nacional, que promoverá o registro do novo partido. Começa com isso, faz-se o reigstro em cartório de títulos e documentos da ata da reniao conjunta que decidiu pela fusao e depois a comunicaçao ao TSE. A fusao se realiza no momento do registro noc artório de titulos e documentos.
— Continua achando que o projeto que altera as regras para a criação de partiros é um golpe? Claro. O que está querendo é acabar com algo que o José Serra chamou de portabilidade [o deputado que muda de partido leva o tempo de televisão e a cota do fundo partidário proporcional à sua última votação]. Chamo de casuísmo e golpe. Nos perguntamos: por que vocês não discutem a troca de regras para a próxima legislatura. Para o futuro, tudo bem, podemos até discutir. O que não dá é para proibir isso agora, depois de que o PSD ter sido beneficiado.
— Não teme que o PPS seja tachado de oportunista? Nenhum receio. Até porque já foi permitido para privilegiar um partido que se vinculou ao governo. Nesse momento, eu diria que não é oportunismo, mas senso de oportunidade. Não fui eu que inventei isso. O PPS foi atingido. Perdeu quatro deputados federais para o PSD. E eu não reclamei. Tudo bem. Saíram do partido e o Supremo Tribunal Federal disse que era correta a interpretação de que eles levavam o tempo de tevê e o fundo partidário. Tudo tudo bem. Agora, não venham dizer que estamos inventando isso. De nossa parte, o que há é o senso de oportunidade. Basta ver o protagonismo que passamos a ter nesse processo de 2014.
— Ainda tem a expectativa de trazer José Serra? Expectativa a gente nunca perde. No futebol, os segundos são irrelevantes. Mas no basquete cada segundo pode ser decisivo. Já joguei basquete e sei o que o último segundo pode representar. Estamos no jogo, esperando até o último segundo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Forma e conteúdo - Marina Silva

Forma e conteúdo

Marina Silva*

Na noite desta quarta, o Brasil assistiu, envergonhado, a um debate indigno do Legislativo e sua tradição democrática. Na forma e no conteúdo, houve o que o deputado Roberto Freire com acerto classificou como tentativa de golpe.
Todos já esperávamos que a reforma política fosse adiada outra vez, por falta de interesse dos que estão no poder e não querem mudar o sistema que lhes favorece. Mas há um fantasma que querem afastar: que novos partidos políticos (especialmente a Rede Sustentabilidade, que recolhe assinaturas para seu registro e ousa antecipar em seu estatuto avanços como o teto de contribuição financeira, limitação de dois mandatos para parlamentares etc.) venham renovar a política brasileira e mudar, na prática, regras que permanecem no papel.
A imprensa noticiou uma reunião no Planalto em que o governo instruiu seus operadores a votarem, em regime de urgência, um projeto que retira dos novos partidos o acesso ao tempo de TV e ao fundo partidário. Os direitos que foram garantidos a um partido aliado, recém-criado, seriam negados aos que não seguem a cartilha governista. Esse é o conteúdo do debate, baseado numa ética de ocasião expressa pela máxima "Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei".
Mas a forma conseguiu ser pior. Basta ver as metáforas de mau gosto, com termos impróprios à publicação, usadas para debater as regras políticas da República. O regime de urgência não passou por falta de dez votos. A bancada governista diz que aprovará o projeto na próxima semana. Talvez o tempo sirva para que os deputados repensem a forma e o conteúdo do debate.
Os movimentos que defendem o patrimônio socioambiental exigem ética na política, protestam contra o loteamento dos cargos públicos, além de outras justas causas do povo brasileiro. Buscam ampliar a visão encurtada pelo poder a qualquer preço, democratizar os processos políticos monopolizados pelos partidos e criar novas estruturas para reconectar a política com a ideia de bem público. Justamente o contrário dos privilégios e deleites particulares sugeridos pelas metáforas vulgares. Esse é o novo conteúdo que trazem a um debate que precisa chegar ao século 21, que bate à nossa porta de forma dramática.
Renovar a linguagem é urgente. Em vez do ódio, expresso em ofensas, estimulado numa polarização em que o outro é visto como inimigo, deve ter espaço a fraternidade, capaz de construir consensos sobre o que é urgente para o futuro. É por isso que o novo ativismo, que está na base das novas propostas políticas, é bem-humorado, criativo, irreverente sem ser desrespeitoso.
Uma nova política tem como uma causa central a qualidade da educação. É o que parece faltar à velha política. 


*Marina Silva, ex-senadora, foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e candidata ao Planalto em 2010. Escreve às sextas na versão da Folha

Publicado na Folha de São Paulo no dia 12 de abril - Link para o artigo original, clique aqui..

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Raposas cuidam do galinheiro em Congresso do Brasil, diz Financial Times Via Folha


 O jornal britânico Financial Times afirma que no Congresso brasileiro "a raposa está frequentemente cuidando do galinheiro".
Entre as supostas ''raposas'' citadas pelo diário, estão o deputado e pastor evangélico, Marcos Feliciano, que preside a Comissão de Direitos Humanos do Congresso e que fez uma série de comentários racistas e homofóbicos, o novo presidente da Comissão de Finanças e Tributação, João Magalhães, que está respondendo a processo no STF que o acusa de corrupção, os petistas José Genoino e João Paulo Cunha, condenados no processo do mensalão e que integram a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e Blairo Maggi, atual líder da Comissão do Senado para o Meio Ambiente e um dos maiores produtores mundiais de soja.
Ailton de Freitas - 14.mar.13/Folhapress
Deputado Marco Feliciano (PSC-SP); protestos cobram sua saída de cargo em Comissão dos Direitos Humanos da Câmara
Segundo o jornal, o Congresso "é refém de diversos grupos de interesse que podem mudar suas alianças a qualquer momento".
De acordo com o Financial Times, as comissões brasileiras, ainda que sem dispor de um poder remotamente comparável ao das comissões do Congresso americano, ''são simbólicas dos poderosos grupos de interesse que atuam na política brasileira, comuns a todos os partidos".
É por esse motivo, acrescenta o jornal, "que os presidentes brasileiros normalmente tentam incluir o máximo possível de partidos em seus ministérios''.
O deputado Marco Feliciano (PSC-SP); protestos cobram sua saída de cargo em comissão Mas o diário comenta que ainda assim a presidente Dilma Rousseff não consegue assegurar "a lealdade do Congresso".
O diário lista como derrotas da presidente no Congresso, a tentativa de aprovar um "Código Florestal mais simpático ao meio ambiente'', que acabou sendo frustrada pelo bloco ruralista, e a ''batalha que ela perdeu'' pela distribuição igualitária de royalties do petróleo entre os Estados, com "os congressistas votando de acordo com suas interesses regionais".


Na Folha de 12 de abril de 2013.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Nem a Reforma Política, Dilma?


 Do Blog do Josias : Deputados lacram o esquife da ‘reforma política’


O que alguns deputados chamavam de reforma política era apenas uma proposta-defunta. Embora morta, falavam dela como se continuasse cheia de vida. Na noite passada, deu-se o previsível. Foram batidos no caixão da morta-viva os últimos pregos. O epitáfio? “Fui sem jamais ter sido.”
Sem consenso, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), decidira votar a pseudoreforma na base do vai ou racha. Rachou. Tentou-se salvar ao menos a unha do dedo mínimo do defunto –uma emenda que previa a unificação das eleições. Em vez de ir às urnas a cada dois anos, o eleitor elegeria todo mundo –do vereador ao presidente— de uma tacada, a cada quatro anos. Coisa para 2022.
Imaginou-se que, aprovada a unha, o resto viria com o tempo. Pois nem isso passou. O PPS decidiu obstruir a votação. Obteve a adesão instantânea de outras dez legendas. Lacrado o esquife, a reforma política sobrevive apenas como lenda. Tornou-se uma espécie de mula sem cabeça cavalgada por um jóquei cego (veja aqui do que você se livrou). Enquanto a mula vagueia, o Tribunal Superior Eleitoral “legisla”.


E qual a opção? Existe alguma chance de alguma forma de reforma política acontecer enquanto as raposas cuidarem do galinheiro?

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Atlético - MG x Arsenal: ficou barato pros "hermanos"



Fonte: G1 Minas
Ficou barato a pena ontem para os Argentinos.

Não vi nenhum comentário de solidariedade. Parece que o mais grave não foi notado: a pior agressão foi a uma mulher. Um chute no peito. Óbvio que o digníssimo jogador não sabia que "a mulher" atingida era só o comandante do policiamento da capital, Coronel Cláudia Romualdo
Uma pena não ter como provar, mas tenho dúvidas se o marginal que a chutou ontem, não o fez por estar de frente com uma mulher. Alguém viu algum chute nesse nível contra um dos soldados nos vídeos?
E foram julgados por umA juíza. Simples assim, mulheres superando preconceitos e se mostrando iguais, sem menosprezo algum aos homens.

O que me espanta é que não vi nenhum, NENHUM comentário na internet de parabenização pela ação da PM de Minas. Que merece sim ser parabenizada pela condução da situação. Alguém tem dúvida do que aconteceria se fosse em outro país da América do Sul? Me arrisco a duvidar inclusive se teríamos esse desfecho, se o ocorrido fosse em certos estados do país.
Se a PM tivesse respondido na proporção da selvageria dos Argentinos, agora as redes sociais estariam cheias de protestos. A favor dos direitos humanos, contra o governo do Estado, em nome da justiça. Mas, a lei foi cumprida. Para mim basta, mas não poderia deixar de fazer o comentário.

Pelo que conheço da PM, os argentinos se safaram de uma ontem.

Oito jogadores do Arsenal são autuados por lesão corporal em BH - Globo Esporte MG